Formalização, renda maior e preocupação da empresa em reter funcionário contribuíram para alta
As aplicações nos planos de previdência empresariais cresceram, em 2011, em ritmo maior que as feitas nos planos individuais.
É a primeira vez que isso acontece desde que o modelo PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) começou a ser vendido no país, em 1998.Este plano é o que permite o abatimento no IR. Já o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) não prevê o desconto.
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Segundo dados da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), a captação dos planos corporativos de janeiro a novembro de 2011 foi de R$ 5,8 bilhões, 25,4% maior que no mesmo período de 2010.
O levantamento exclui os fundos fechados de pensão, como os das estatais.
Já a aplicação nos planos individuais, que não têm vínculo com empregadores, subiu 16,9% -percentual menor, embora o total investido nesses produtos seja bem mais alto, R$ 39 bilhões.
“Pelos benefícios oferecidos aos funcionários, a Tendência é que a captação desse tipo de plano, no longo prazo, supere a dos individuais”, diz Renato Russo, vice-presidente da Fenaprevi.
VANTAGENS
A principal vantagem do plano corporativo para o empregado é a contribuição extra da empresa. A política varia, mas, em geral, nos chamados “planos instituídos”, a cada R$ 100 depositados pelo funcionário, a empresa coloca a mesma quantia.
O limite de depósito é, em média, 5% do salário e o funcionário só se apropria da parte da companhia após dez anos de trabalho -uma forma de garantir o vínculo.
Há ainda os “planos averbados”, que não preveem contrapartida da empresa.
Com o aumento do emprego formal, mais trabalhadores podem aplicar nesses planos. Além disso, com o aumento da renda, é possível encontrar uma folga para investir no longo prazo.
As principais seguradoras oferecem às empresas, além dos produtos de previdência, consultoria em educação financeira e programas de preparo do funcionário para a aposentadoria.
“Antes de começar a fase do recebimento do benefício, por exemplo, discutimos com a pessoa quais são os projetos para esse dinheiro”, diz Wagner Soares Gomes, gerente comercial da Brasilprev.
Há diversas formas de recuperar o investimento: resgate total, renda vitalícia e renda com prazo determinado. Isso é definido em contrato e só pode ser alterado antes de o benefício começar.
Para Carolina de Molla, da SulAmérica, as corporações estão mais interessadas em dar orientação previdenciária aos seus funcionários.
Mas, na avaliação de Rogério Garber, da RGarber, a maioria das organizações ainda não tem um programa de pré-aposentadoria adequado. Além disso, o brasileiro desperta tarde para o assunto.
Para Lúcio Flávio de Oliveira, da Bradesco Previdência, a previdência corporativa deve crescer mais entre as companhias de menor porte.
Brasileiro só pensa na aposentadoria com mais de 35
Estudo mostra que maioria dos trabalhadores se considera “jovem demais” para se preocupar com isso
Demorar para se planejar dificulta a complementação do INSS, devido ao prazo limitado de acumulação
Renatta Giraldi, assistente de comunicação e administração em uma indústria química, aderiu ao plano de previdência corporativo quando foi contratada, em 2009, aos 24 anos.
“Meus pais têm só a aposentadoria do governo, mas sempre pensei em um plano privado para complementar minha renda no futuro”, diz.
A pouca idade faz de Giraldi uma exceção à regra mapeada pelas estatísticas: o brasileiro acorda tarde para o planejamento da aposentadoria. Em geral, o despertar não ocorre antes dos 35 anos.
Um estudo feito pela consultoria RGarber e pela ABRH-RJ (Associação Brasileira dos Profissionais de Recursos Humanos) com 300 funcionários de 30 empresas mostra que mais da metade dos entrevistados com até 40 anos nunca pensou no futuro fora do mercado de trabalho.
“As companhias não estão preparadas para falar com os funcionários sobre aposentadoria. Com orientação, o despertar dos trabalhadores poderia ocorrer mais cedo”, diz o consultor Rogério Garber.
RENDA INSUFICIENTE
O levantamento mostra ainda que, entre os que responderam nunca ter refletido sobre a aposentadoria, 70,5% disseram ser muito jovens para isso; 19% afirmaram que gostam do que fazem ou se imaginam trabalhando para sempre; e 5,7% dizem que é negativo pensar nisso.
Entre os que já pensaram a respeito do tema, 31% disseram ter tomado a atitude por estarem perto da idade de aposentadoria pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social); 28%, por terem colegas se aposentando; e apenas 11% porque passaram por programa de preparação na empresa em que trabalham.
Além disso, 78,4% dos entrevistados discordaram totalmente da afirmação de que estarão com a vida financeira estabilizada com o dinheiro da aposentadoria do INSS.
E 50,4% concordaram totalmente com a premissa de que estarão trabalhando de forma remunerada depois de aposentados pelo INSS. Desses, 88% afirmaram que farão isso porque o valor pago pelo governo é insuficiente.
Quem faz um plano de previdência complementar em uma idade avançada precisa poupar mais por mês para alcançar um benefício suficiente para a aposentadoria.
“Mas, para a maioria dos jovens, não é fácil enxergar as vantagens de investir no longo prazo”, diz Garber.
Fonte: Folha de São Paulo – SP
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