Para desenvolver cada dia mais, as empresas precisam de capital de investimento – que pode ser próprio (caso o empresário possua esse valor guardado) ou de terceiros, que nesse caso vai transformar em uma dívida. Vejam quais os pros e os contras de se endividar para desenvolver a sua PME.
Clayton Nogueira, Diretor financeiro para a América Latina da Valspar Corporation e Professor de Planejamento e Controle na FIAP, criou um paralelo interessante para apresentar a dívida como uma vantagem para o empreendedor, desde que realizada da maneira correta e com bom senso.
Recursos Próprios ou Dívida?
O Empreendedor precisa analisar recursos disponíveis e o valor estimado da dívida. Será que vale a pena esperar para completar 100% dos recursos ou solicitar um empréstimo?
Essa avaliação deve ser realizada pelo empresário antes que a decisão seja tomada. É importante avaliar o capital a ser investido para ampliar a empresa, conquistar mais clientes, aumentar o estoque, diversificar produtos, investir em divulgação e marketing etc.
Estrutura de Capital
O empreendedor vai ter que decidir pela estrutura de capital que deseja para a empresa. A decisão vai depender de uma série de fatores e pode não ser definitiva, já que as condições da empresa e do mercado mudam ao longo do tempo.
A estrutura de capital é o modo que a empresa financia suas atividades. Ou seja, quanto dos seus ativos (bens, direitos e valores) será financiado com recursos próprios ou através de capital de terceiros, as dívidas. Tudo isso deve ser estudado tendo em mente riscos e retorno esperado. “Mais capital de terceiros (dívida) eleva o grau de risco do lucro, porém pode levar a uma taxa de retorno esperada maior. Assim, existe uma estrutura de capital ótima (porcentagem de dívida versus capital próprio) que maximiza o valor da empresa”, ressaltou o professor.
De acordo com Nogueira, há quatro fatores que devem ser avaliado para decidir sobre a estrutura de capital da empresa:
– Risco do Negócio: Para um negócio de alto risco, normalmente a dívida deve ser baixa. Ou seja, quanto maior o risco a dívida deve ser inferior.
–Estilo de gestão ou acionistas: há mais gestores agressivos ou conservadores – o mais agressivo pensa em adquirir dívida, os conservadores não. Qual é seu perfil?
-Acesso aos credores: A capacidade da empresa para adquirir recursos a juros razoáveis, mesmo em condições adversas. Neste ponto, seja cauteloso! Verifique a validade e a reputação de quem vai emprestar o capital e mantenha um olho sobre os juros cobrados! Agiotagem é crime!
-Estado fiscal da empresa: se usar dívida, os juros podem reduzir o montante do imposto pago pela empresa, isso aumenta a vantagem de entrar em dívida. Que tal usar um bom contador para verificar a situação fiscal do seu negócio?
Uma vez discutido os pontos que definem a estrutura de capital, o Professor Nogueira apresenta as vantagens e desvantagens de se fazer um empréstimo:
Vantagens:
1) A despesa é dedutível para fins de imposto de renda (embora no Brasil a possibilidade do pagamento de juros sobre o capital próprio reduziu ligeiramente a vantagem da dívida em relação ao capital próprio).
2) Quando usamos fundos de terceiros e pagamos uma taxa fixa de juros, se o negócio da empresa está muito bem, a empresa pagará apenas a quantidade contratada para o credor como interesse, deixando o excedente aos acionistas.
Desvantagens:
1) Quando você entra em dívida, aumenta o risco da empresa se tornar cada vez mais difícil e cara para ganhar mais dinheiro como resultado da dívida.
2) Se as coisas não estão bem, não sobra dinheiro até para pagar os juros, sua empresa pode ir à falência. Atenção!
Em resumo, com gestão competente, bons produtos e bons planos, a chance de alto retorno (mais do que o custo da dívida) é elevada e a dívida vale à pena. No entanto, é bom planejar e ter sempre um plano B na manga. Assim, o empreendedor pode manter-se calmo e investir no crescimento da sua PME.